quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Infelicidades e Desgostos Femininos

Estava lendo um artigo sobre Infelicidade Feminina num site; não lembro de quando é ou onde foi publicado originalmente, mas achei interessantíssimo e me levou a escrever este texto, pois me despertou o interesse de organizar uns pensamentos que há muito tempo vêm me perseguindo.
Tal artigo falava que, após muito anos de conquistas, onde as mulheres foram conseguindo igualar seus direitos aos dos homens, a comunidade feminina vem se mostrando cada vez menos contente com a própria vida, independente de raça, classe social, estado civil ou profissão.
Veio a calhar. Outro dia mesmo me peguei pensando sobre a minha vida, sobre a minha rotina, sobre as minhas obrigações... Tenho andando tão cansada! Tão descontente! Mesmo sendo umas das melhores guitarristas que já vi, estando no 3º ano da faculdade de Arquitetura e Urbanismo e dotada de um cérebro um tanto peculiar, minhas conquistas até hoje (e ainda virão muitas mais) parecem não conseguir sobrepujar as coisas ruins que me afligem, todas as cobranças que eu mesmo me imponho.
Estou escrevendo isso tudo para falar de mim? Não. E não é esse o intuito deste Blog. Estou escrevendo para tentar expor tudo aquilo que eu tenho percebido. E não só na minha vida, é uma observação das mulheres num todo (familiares, amigas, colegas de trabalho, etc.) e algumas leituras em revistas e sites que me levaram às fazer tais considerações.
Primeiramente, o mais importante, o que eu acho que é um problema imenso é a tal jornada dupla; eu, que não tenho marido nem filhos, que moro com minha família já sofro com a falta de tempo para me dedicar às minhas coisas.
Uma mulher casada, com crianças para cuidar, trabalha oito horas diárias, ainda têm de administrar um lar (na maioria dos casos, não estou generalizando), cuidar dos filhos, fazer comida, lavar a roupa, cuidar da dispensa e não adianta dizer que ter empregada doméstica resolve todos esses problemas.
Isso cansa. Cansa muito pois, além de contribuir para o padrão de vida da família (trabalhando), é como se a mulher tivesse a obrigação de ser dona de casa também. Aí vem aquele discurso: “Mas ninguém mandou vocês quererem direitos iguais.” E eu respondo com a pergunta: “Você seria capaz de dar o mesmo padrão de vida à sua família se sua esposa não trabalhasse?”
Este tema não merece mais considerações. Enfim. Além de tudo isso que já foi dito, nós somos bombardeadas, literalmente alvejadas por modelos de beleza, de conduta, de vestuário. De crianças à mulheres adultas. Não há idade que escape.
Quando pequenas, na escola, há sempre a menina mais bonita, a mais bonita por ser loira de olhos azuis (mesmo que tenha um nariz horrível, ou um corpo desproporcional). Quando adolescente, você deve ser magra e igual às outras garotas. Quando mulher jovem, à despeito das ditaduras estéticas, começa a competitividade. “Você deve ser uma mulher independente”, é o que diz sua mãe. Você quer ter seu carro, não quer depender de homem nenhum. Você trabalha feito uma condenada, estuda, faz tudo de uma vez só. Você só não dorme nem se cuida pois, a não ser que seja uma abençoada filhinha de papai, você banca seus estudos, suas unhas, seu cabelo, suas roupas, seus sapatos e nem sempre (quase nunca) sobra dinheiro ou tempo para essas coisas “fúteis”.
“Fúteis”, entre aspas mesmo.
Como conseqüência de descuidos contínuos e estresses constantes, a mulher começa a se sentir feia, a engordar, a ter olheiras, a ter menos viço na pele e no cabelo e, ainda sim, abre mão daquele sagrado minutinho no fim de semana por conta dos filhos, do namorado, do marido... Ah, e quando não abre para cuidar de si e fazer algo que goste, algum projeto seu, se sente culpada, mesmo que intimamente, e fica com remorso (não adianta dizer que não, meninas, isso é inerente à essência) ou acaba sendo recriminada pelos mesmos, como : “Você nunca tem tempo pra mim. Você só tem tempo para o seu trabalho. Você não dá atenção às crianças.”
Neste ponto a mulher já está cansada, desanimada e com a auto-estima NULA, e ainda tem que fazer vista grossa para quando o parceiro olha descaradamente para outra mulher na rua, por que nós, mulheres, somos mestres em manter a paz e engolimos sapos dia após dia para não causar desentendimentos.
Você não tem culpa de não ser mais tão atraente como quando ele te conheceu; você não tem tempo para ir à academia ou fazer Ioga! Mas ainda assim você se cobra muito, por não poder manter o corpinho em forma ou a depilação em dia, com a esperança quase ingênua de que se ficar o mais bonita que puder ele vai parar de olhar para outras na rua.
Meninas, isso é sonho, viu? Algumas, dependendo da idade, já devem ter percebido que você pode ser a Miss Brasil que eles vão olhar para o lado SEMPRE. Alguns disfarçam mais que outros, mas isso varia de acordo com jogo de cintura de cada um.
Agora, uma coisa que sofreu uma reviravolta e que foi de um extremo para o outro foi o SEXO. Não sei o que é pior: No passado, quando as mulheres não podiam demonstrar nenhum tipo de interesse no assunto ou hoje que você é obrigada a estar sempre disposta para ‘umazinha’ e, como não fosse o suficiente, tem que ter transas cinematográficas, com direito à orgasmos múltiplos e gemidos.
Fingir orgasmo é o fim da picada. Você queria estar dormindo pra agüentar outro dia cansativo e ainda tem que fingir que está tendo prazer? O funcionamento da mulher é muito diferente do dos homens. Nunca façam isso! Seja lá quem for que vá ler isso aqui.
E nessa hora, os problemas com as gordurinhas a mais sempre voltam á cabeça, e mina o nosso desempenho pois, mesmo que nossos parceiros não nos comparem (não comparam mesmo, acreditem, senão já teriam nos trocado por coisa melhor. O importante é ter b*, entendem? - Desculpem pelo deslize da língua.) A gente se compara e se sente aquela coisa feita com material de demolição, sabem? Com o que sobrou na fábrica de pessoas lá no Céu.
Nós, mulheres, buscamos sempre ser as melhores em tudo. Desde pequenas nós somos cobradas de maneira subjetiva a sermos as mais bonitas, as mais delicadas, as mais femininas, as mais bondosas, as mais certinhas e as mais safadas (é possível isso?)... Somos levadas a criar rivalidade até entre amigas e parceiros. É triste ver marido e mulher disputando para ver quem é melhor, quem ganha mais...
A busca pela perfeição é algo que nos persegue. Toda mulher quer ser Vênus, Brigitte Bardot, Marilyn Monroe, Monaliza e no fundo se sente a Dercy Gonçalves.
Estou tentando dizer como se deve agir e pensar? Talvez no dia em que eu consiga seguir meus próprios conselhos eu comece a dá-los aos outros, por enquanto é só uma reflexão pra vocês tirarem dela o que acharem que devem. Se consegui ajudar alguém com isso tudo, fico muito feliz.

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